Qual é o segredo dos sapatos de Alexandre Birman?
 Depois de aparecerem num seriado de TV, eles conquistaram Hollywood

Marcos Camargo
Alexandre mostra uma de suas criações, uma sandália gladiadora de salto. Ele diz que faz apenas um par de cada número



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Ela se dizia “viciada em Manolos”. Recentemente, o espanhol esnobou e declarou-se insatisfeito com tanta publicidade. Já o empresário e designer de sapatos brasileiro Alexandre Birman não poderia estar mais satisfeito com a fama televisiva. No final do ano passado, ele recebeu uma citação no seriado Gossip girl, que retrata o universo dos jovens milionários americanos. “Os modelos de Alexandre Birman são sagrados”, disse a patricinha Blair Waldorf, interpretada pela atriz americana Leighton Meester. Na cena, ela usava um par de botas pretas peep toe, aquelas que deixam os dedos aparecendo.

De lá para cá, esse modelo esgotou em Nova York e as outras criações de Birman passaram a desfilar pelos tapetes vermelhos de Hollywood. As atrizes Kate Hudson, Demi Moore, Anna Paquin, Jessica Alba e a cantora Katy Perry estão entre as clientes famosas conquistadas pelo brasileiro. “A declaração no seriado fez com que a marca ficasse conhecida nos Estados Unidos”, diz Birman. É a primeira vez que um designer de sapatos brasileiro consegue pisar as alturas do Olimpo do consumo americano.

O merchandising televisivo – que Birman jura ter sido gratuito – foi fundamental, mas a beleza e a originalidade dos modelos criados pelo brasileiro é que explicam o prestígio alcançado pela marca. O acabamento dos sapatos é impecável, há uma grande variação de tons e, apesar dos saltos extremamente altos – alguns modelos chegam a 14 centímetros –, eles são confortáveis, graças à forma mais anatômica.
Alexandre debita seu sucesso à superexclusividade (ele diz que produz apenas um par de cada número e também desenha sob encomenda) e à qualidade da principal matéria-prima: o couro de cobra píton da Indonésia. Controlado por órgãos de proteção ambiental, o material é fino e macio, por isso mais difícil de ser trabalhado. Também aponta como diferenciais o solado e a palmilha feitos de couro italiano. Os preços, claro, são proporcionais aos saltos. Os pares custam em média US$ 600, nos Estados Unidos. No Brasil, aonde a marca chegou no começo de abril, o modelo mais barato (uma sapatilha de couro de vitelo) custa R$ 480. Uma bota de couro de crocodilo, o item mais caro, sai por R$ 3.800. “O material, a produção artesanal e a exclusividade justificam esses preços”, diz Alexandre.

Aos 33 anos, o mineiro de Belo Horizonte radicado no bairro do Itaim, em São Paulo, não é novato no mundo dos sapatos ou dos negócios. Alexandre é filho do empresário Anderson Birman, fundador da Arezzo, e cresceu dentro da empresa. “A casa onde nasci ficava em cima da fábrica da Arezzo”, diz. Ele decidiu seguir a carreira do pai bem cedo. Aos 12 anos sabia todas as etapas de produção. Aos 15, desenhou seu primeiro modelo e aos 18, financiado pelo pai, criou sua própria marca, a Schutz (que significa proteção em alemão). Em 2007, as duas empresas se uniram para criar o grupo Arezzo, do qual Alexandre é vice-presidente e cuja presidência deverá assumir no ano que vem. Anderson Birman diz que o filho se interessou pelo negócio da família por iniciativa própria. “Ele sempre entendeu de moda, daquilo que as mulheres gostam. E aprendeu rápido sobre o mercado”, afirma.

Tímido e de fala pausada, o empresário vive em um universo tão exclusivo quanto seus sapatos. Esquia em Aspen, no Colorado, pode ser visto em São Paulo nos restaurantes Gero e Fasano e gosta de usar grifes de luxo. “Esses sapatos que estou usando são um modelo único, feito sob medida por um estilista italiano”, faz questão de explicar. Ao contrário de seu círculo de amigos – formado por playboys como Álvaro Garnero –, Alexandre não costuma expor sua vida pessoal na mídia. A penúltima notícia a seu respeito foi o rompimento rumoroso e repentino do noivado com a modelo e atriz Letícia Birkheuer, às vésperas do casamento, em 2008. A última notícia foi seu casamento com a também modelo Johanna Stein, de apenas 18 anos, em 2009. De lá para cá, ele diz que não tem saído muito de casa. Mas seus sapatos andam longe, em ambientes cada vez mais exclusivos.

O que é que ele tem?


As qualidades do sapato que encanta as famosas
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Fonte: Revista Época